Fórum Ambiental Social e Económico é espaço de cidadania e de participação (Gazeta da Beira, 25/5/2017)
Está a decorrer em Portugal um processo inédito de organização da cidadania a partir dos territórios. Este processo começou no final de 2016 por iniciativa de alguns activistas sociais ligados ao desenvolvimento local, à economia social e solidária, ambientalistas e muitas outras causas em defesa do bem-estar da humanidade e da sustentabilidade do nosso planeta.
Entenderam estes activistas que as graves crises que estamos a enfrentar precisam de uma abordagem holística que permita uma visão abrangente e integrada dos problemas de modo a melhor os compreender e propor soluções.
Entende este grupo de activistas que a democracia não se esgota na representativa e que o pilar da democracia participativa precisa de se fortalecer, sobe pena de podermos vir a assistir em Portugal ao crescimento de populismos como aconteceu nos EUA com a eleição de Trump de certa maneira também na França.
Também por um pouco por toda a Europa, o surgimento de movimentos populistas e de extrema direita são resultado da falta de resposta da democracia representativa.
Esta é pilar fundamental para a vivência democrática mas não pode ser o único.
Este processo que está em construção que foi lançado publicamente em Fevereiro de 2017 através da divulgação de um Manifesto subscritos por mais de 400 pessoas e 60 organizações, é o FASE – Fórum Ambiental, Social e Económico.
Depois disso já se realizaram reuniões de mobilização para o FASE um pouco por todo o país e estão agendadas mais reuniões.
O FSE tem a ambição de contribuir para organizar a cidadania e a participação na construção de propostas concretas e na justa reivindicação de uma sociedade social e ambientalmente mais justa e igualitária.
No texto fundador, o Manifesto, pode ler-se: «Propomo-nos contribuir para estes objetivos através da constituição de um movimento de cidadãs e cidadãos, de associações, movimentos sociais e organizações não-governamentais, que se reconheçam nesta declaração comum e que manifestem a vontade de debater e trabalhar em comum na luta contra as desigualdades e a pobreza e para mudar a direção do nosso caminho coletivo no sentido de políticas de desenvolvimento sustentáveis que evitem a catástrofe social e ambiental. Esse movimento é o Fórum Ambiental, Social e Económico (FASE).
Os signatários entendem o FASE como um processo, um movimento e uma rede alargada de debate, partilha de experiências, cooperação e construção de propostas e de ação coletiva, aberto à participação e adesão quer individual quer de organizações sociais. Para isso, o FASE irá promover fóruns temáticos, regionais e locais, em articulação com outras redes e iniciativas cidadãs.
O FASE espera contar com os contributos e experiências do movimento sindical e de outros movimentos sociais (ecologista, feminista, LGBT, de migrantes, etc.), de iniciativas e organizações nos domínios do desenvolvimento local, da economia social e solidária, dos modelos de governação e cogestão pública, do comércio justo, da gestão dos bens comuns e de outras experiências alternativas.
Como primeira grande iniciativa, os signatários decidem convocar uma Assembleia Magna do Fórum Ambiental, Social e Económico, a ter lugar nos próximos dias 3 de Junho, em Lisboa, aberto a todas as cidadãs e cidadãos e organizações sociais interessados. Constituindo-se como um espaço participativo de reflexão sobre os novos desafios e objetivos convergentes das causas sociais e ambientais, pretende-se que contribua para uma agenda política progressista e para um projeto de futuro que envolva e mobilize a cidadania e confronte positivamente os poderes estabelecidos. O processo de preparação desta Assembleia Magna envolverá a realização de fóruns e encontros locais que favoreçam uma ampla participação.» Fica o apelo à adesão de todos e de todas e a que se disponibilizem para, nas suas terras, vilas ou bairros, organizarem sessões de dinamização do FASE.
Maria do Carmo Bica